• Benefícios honestos!

    Postado 29 abril, 2013 por em Artigos

    Toc… toc… toc…   aquele som, atrás de mim, e o semáforo fechado para pedestres,
    obrigou-me a parar e voltar á cabeça para onde eu supunha vinha aquele som.

    Não me enganei. Uma  senhora com idade entre 75-80 anos, caminhava devagar, apoiando a bengala na calçada. Cabelos branquíssimos, óculos iguais aos da Vovó Benta, na capa do livro de receitas, vestido floral, sapatos de salto baixo e ofereceu-me um olhar cativante, mas desconfiado,  quando dispus-me a  ajuda-la a atravessar a rua, estendendo minha mão direita enquanto oferecia-lhe meu braço esquerdo.

    Ela gentilmente aceitou minha ajuda (na realidade aceitou mais por cortesia e elegância que por necessidade mesmo) e fomos atravessar a rua.
    Perguntei-lhe se iria longe de onde estávamos.
    Respondeu-me que estava indo a uma lotérica receber a aposentadoria, pagar umas contas e depois iria a uma loja de presentes para crianças.

    Mesmo depois de atravessarmos a rua, continuei de braço dado com ela e fomos entabulando  a prosa.

    Disse chamar-se Rosinha e que, morava perto dali. Todos os meses, entre os dias 5 e 10, ia na mesma lotérica receber a aposentadoria, mas  que hoje era um dia especial.

    Contou-me que hoje fazia dois anos que seu marido falecera. O seu amado Arthur, depois de ter trabalhado por mais de 50 anos, resolveu se aposentar.

    Fez toda a papelada e ficava em casa cuidando do jardim. Indo ao mercado e à pracinha do teatro para jogar xadrez com seus amigos.

    Havia feito diversas viagens e conheciam quase todo o Brasil e grande parte do mundo.

    Tinham vivido a plenitude da vida. Com honestidade, uma grande dose de paciência recíproca e amor. Muito amor entre os dois.

    Arthur havia trabalhado, profissionalmente,  somente em dois lugares na vida.
    A fábrica de compensados no inicio de carreira e depois, em sua própria fábrica de móveis.

    A “Móveis Bela Vista” tinha adquirido nome e reputação por toda a região. Não era uma grandiosa fábrica mas, os haviam sustentado por toda a vida e ajudado a criar os cinco filhos.

    Esta fábrica havia sido vendida havia já dez anos e, desde então, estava progredindo cada vez mais. Dona Rosinha, frequentemente,  via  os caminhões da empresa chegando e saindo da cidade. Trazendo matéria prima e levando móveis prontos.

    Arthur havia pedido ao comprador que NÃO mudasse o nome da fabrica e que colocasse, sempre em primeiro lugar, os “BENEFÍCIOS HONESTOS”  que a empresa proporcionava. Assim prometido, vendeu a empresa por 80% do valor que poderia ter conseguido de outro comprador que, para o Arthur, não havia inspirado confiança.
    A promessa do comprador de atender este desejo, de manter os BENEFICIOS HONESTOS foi primordial para que se concretizasse a venda. E pelo visto, o comprador havia mantido a promessa rigorosamente.

    Mas era um dia especial também por que era aniversário de seu netinho. O lindo e peralta Zinho. Na realidade Arthur era, também, o nome do neto, mas, todos o chamavam de Zinho. De ArthurZinho.

    Arthur, o avô, falava sempre em brincar e correr com seu neto mas, quis Ele que assim não fosse.

    Não haveriam de plantar flores juntos. De irem à pracinha “tomar sorvete escondido” antes do almoço.  De leva-lo à escola e, ao busca-lo, virem a pé, brincando pelo caminho. Chutando latas vazias, brincando na chuva, cumprimentando toda a vizinhança.

    Tudo isto não aconteceria mais. Seu querido Arthur não estava mais ali para brincar e sorrir com o neto.

    Dona Rosinha falava que este sentimento de saudades do esposo amado junto com a alegria de ver o neto crescer a fazia, cada vez mais, saber que havia valido a pena.
    Teve dor e saudade ao mesmo tempo. Assim ela crescia espiritualmente.

    Neste ponto,  chegamos à lotérica e ela parou para me agradecer a companhia e a ajuda (que NÃO era necessária) para chegar até ali. Disse-me que descansaria um pouco dentro da lotérica e que depois iria à loja de brinquedos.

    Dei-lhe um respeitoso beijo na testa e agradeci-lhe pela companhia e pela conversa.

    Saí  da conversa com Dona Rosinha, de modo tranquilo.  Fui até o estacionamento pegar o carro para ir para a MINHA empresa.  Não falei para a Dona Rosinha o que EU fazia. Nem em que trabalhava.  A “Móveis Bela Vista” me esperava.

    Depois que eu a havia comprado do Sr. Arthur,  de forma quase paternalista, a empresa havia crescido mais ainda, mas, nunca havia esquecido os princípios básicos de gestão que a haviam norteado:  BENEFÍCIOS HONESTOS era a palavra de ordem. Nunca havia esquecido o pedido sincero de um homem justo, trabalhador, competente, honesto e compartilhador.
    Benefícios aos funcionários, através de uma remuneração digna de cada responsabilidade assumida;
    Benefícios à comunidade, através de preços condizentes com o produto escolhido, sem perder qualidade e ao mesmo tempo o respeito à natureza, com o uso de madeira de reflorestamento;
    Benefícios ao Estado, através  do recolhimento legal de todos os encargos devidos;
    Benefícios aos sócios através da remuneração justa do capital investido.

    Levo, desde então, como lema pétreo da “Móveis Bela Vista”, a prioridade de sempre ter em mente  todos os “BENEFÍCIOS HONESTOS” da herança do “Seu” Arthur.

    E você leitor?

    Na empresa em que você trabalha também fazem dos “BENEFICIOS HONESTOS” uma missão?
    E nas empresas que você mantém relacionamento? Como elas agem a este respeito?

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