CaHe (CaHe de Carlos Henrique e não de CAÊtano, tá legal?) entregou uma nota de R$ 50,00 para o caixa, como pagamento pela limpeza e higienização de seu carro, e recebeu uma nota de R$ 5,00 como troco. Colocou-a na carteira e foi para o estacionamento pegar seu carro.
Neste trajeto, uns 10 ou 15 metros mais ou menos, ligou o celular e colocou-se *ONLINE* para o aplicativo que estava trabalhando.
Já fazia 6 meses que trabalhava com este aplicativo e estava se dando muito bem !
Já era quase um *diamante*. O mais alto grau de *parceria* entre o aplicativo e seus condutores !
Apesar de ter uma renda considerável para os padrões brasileiros, como aposentado que era, ele gostava muito de trabalhar com este tipo de aplicativo.
Conhecia bastante gente, passava o tempo, obrigava-se a manter o veículo sempre em perfeitas condições e ainda ganhava *uns troco*, como ele dizia.
Mas, a grana não era sua prioridade ao trabalhar como motorista de aplicativo !
Conhecer pessoas, poder ajudar, passar o tempo e poder escolher QUANDO trabalhar eram seus incentivos para ser motorista.
Assim que chegou ao veículo, limpinho, o aplicativo ofereceu uma corrida bem perto de onde ele estava. Duas quadras para ser mais exato.
CaHe aceitou a corrida e foi em direção onde estava o cliente de nome MagDo, que, naquela hora ele leu como MagNo.
Já chegando onde estava o cliente, ele de longe percebeu quem era, pois o cliente estava com olhar fixo no celular e olhando em direção ao CaHe !
Estacionando ao lado, abriu o vidro e perguntou:
- Magno ?
- Não! MagDo. Mas sou eu mesmo !
- Perdão ! Eu que li teu nome rápido e me enganei ! Vamos para onde ?
- Tenho que ir até a Rua das Rosas, duas quadras depois do Supermercado TriFron, pegar uma encomenda, e depois até a rodoviária ! Pode ser?
- Pode sim. Tem horário para pegar ônibus?
- Não ! Ainda vou comprar a passagem !
- Ok, Então não temos pressa né?
- Até pegar a encomenda, está *de boa*. Depois sim, tenho um pouco de pressa!
- Ok. Vamos lá!
Foram conversando por uns 10 a 15 minutos até chegarem ao ponto que ele pediu, na Rua das Rosas ! Uma casa simples, mas, aparentemente, bem cuidada !
Magdo desceu e pediu que CaHe nem desligasse o motor, pois era *jogo rápido* !
CaHe respondeu que estava tudo bem e o Magdo desceu do veículo !
Não passou 5 minutos e volta o Magdo correndo, esbaforido, com uma arma na mão e uma sacola, tipo de supermercado na outra !
- Vai ! Vai logo! Diz ele para CaHe !
Assustado, CaHe não sabia o que fazer e perguntou:
- O que foi? O que aconteceu ?
- Minha ex-mulher está brigando comigo ! Mete o pé! Vamos embora !
- Não cara ! Se a coisa é feia deste jeito, vamos chamar a policia !
- Que polícia que nada ! Vamos embora logo antes que ela apareça e *dê m….* !
- Não vou embora não ! O que tem nesta sacola ?
- Umas coisas que ela me devia !
Bem neste momento, uma viatura da Policia Militar apareceu, como por encanto, à frente do carro do CaHê. Com as luzes ligadas, sirene soando e dois policiais já desceram apontando suas armas para o carro do CaHê e gritando:
- Não tente sair. Desligue o carro e saia devagar !
CaHê desligou o carro, mostrou as mãos aos policiais, abriu a porta e desceu devagar do carro !
Já Magdo, jogou a arma no assoalho do carro e, por sua vez, desceu devagar do carro !
Neste momento, Cahê agradeceu a Deus por Magdo não ter reagido !
Os policiais chegaram perto e mandaram que ambos colocassem as mãos sobre o capô do veículo.
Revistaram minuciosamente a ambos e, ao constatarem que estavam desarmados, pediram os documentos tanto de CaHê quanto de Magdo, além do veículo, naturalmente !
CaHe disse que os documentos do carro estavam no *quebra sol* do lado do motorista e que os documentos dele estavam na carteira no bolso traseiro.
Já Magdo disse que tinha esquecido os documentos em casa !
O policial pediu a CaHe que pegasse a carteira e mostrasse a identidade.
Assim que CaHe entregou a identidade, o policial olhou-a e foi até a janela do veículo, ao lado do condutor e pegou os documentos do veículo.
Comparou os nomes e viu que o carro, apesar de estar alienado a um banco, estava em nome de CaHe.
Foi, com os documentos até a viatura e, pelo radio falou alguma coisa com alguém !
Neste intervalo, o outro policial que tinha ficado um pouco mais afastado, ainda com a arma na mão mas sem aponta-la para ninguém, aproximou-se de Magdo e perguntou:
- Como é seu nome ?
- José Carlos Venturoso de Nascença
CaHê olhou surpreso para, agora, *Magdo* e pensou:
- Oras bolas ! Não era Magdo?
Volta a perguntar o policial ao, agora, José Carlos:
- Mora onde?
- Lá na Vila Margarida !
- Onde na Vila Margarida?
- Rua do Arrozal !
- Você está brincando, comigo né?
- Não, senhor! Eu sou trabalhador senhor !
Neste instante, sai uma senhora com duas crianças da casa e fala:
- Ele nos assaltou agora pouco! Ele está armado !
O policial dá um passo em direção ao Magdo (ou José Carlos, como você preferir) e fala:
- Volte pra dentro senhora ! Já eu chamo a senhora !
E voltando-se para Magdo(?) indaga:
- Cadê a arma?
- Não tenho arma nenhuma não, senhor !
E CaHê fala:
- Tem sim ! Ele saiu correndo da casa com uma arma na mão !
Neste meio tempo, volta o outro policial e devolvendo a documentação para CaHê diz:
- O que você está fazendo aqui ?
- Eu sou motorista de aplicativo e vim fazer uma corrida pra ele !
E o policial virando-se para Magdo(?) torna a perguntar:
- Cadê a arma?
- Não tenho arma não, senhor !
O policial entra no carro pela porta do passageiro e encontra a arma jogada atrás do banco do passageiro!
- E esta a arma?
E Magdo(?) responde:
- Não sei de arma não, senhor! Sou trabalhador ! Aquela mulher está enganada !
- Tem passagem?
- Uma só, senhor !
- Qual artigo?
- 171, senhor !
E olhando para o outro policial diz:
- Arma de plástico ! Imitação perfeita !
O outro policial, aproximando-se de Magdo(?) olhando bem para o rosto dele, diz:
- Eu te conheço ! Já te prendi uma vez ! Você não tem só uma passagem por 171 não ! Você tem passagem, várias, por furto, estelionato e ameaças ! Você é o Zeca Peta ! Te conheço faz tempo !
- Não senhor! O senhor está enganado !
O policial, voltando-se para CaHê, pergunta:
- Como você entrou nesta ?
CaHê explicou tudo e inclusive, passou o número do telefone do posto onde tinha mandado lavar o carro, com o nome do caixa e tudo para que o policial confirmar, e mostrou, inclusive, a chamada pelo aplicativo !
Os policiais, se convenceram de que CaHê nada tinha a ver com a história e pediram a ele que fosse embora! Iriam levar o Magdo(?), Josè Carlos(?), Zeca Peta(?) para a delegacia e iriam chamar a senhora para fazer o Termo Circunstanciado, além de devolverem os quase R$ 500,00 que o Magdo(?) José Carlos (?) ou Zeca Peta tinha roubado da senhora e que, se fosse preciso, o delegado iria chama-lo para prestar esclarecimentos!
CaHê deu um suspiro de alivio, entrou no carro e decidiu ir para casa.
O dia tinha sido desastroso e ele não iria correr o risco de piora-lo se continuasse na rua !
Chegou em casa, guardou o carro, tomou um banho e, ao sair do banheiro, viu que tinha uma nova mensagem do aplicativo!
Leu:
*O aplicativo tal, levando em consideração a reclamação do cliente MAGDO, resolveu, de imediato, suspender o seu trabalho, até que as diligências efetuadas por este aplicativo constatem, ou não, a veracidade das reclamações! Outrossim comunicamos que as autoridades já foram comunicadas da tentativa de assalto, assédio e maus tratos que foram impingidas ao usuário MAGDO por este motorista!*
.
CaHê desistiu de trabalhar com aplicativo e está respondendo processo por maus tratos, tentativa de assalto e assédio !
Os dois policiais que atenderam a ocorrência, além de nem citarem CaHê naquela ocorrência, ainda se dispuseram a ser *TESTEMUNHA DE DEFESA* de CaHê e, mesmo assim, CaHê ainda terá que arcar com custas judiciais, honorários de advogado e demais despesas !
Magdo(?) José Carlos(?) ou Zeca Peta, passou uma noite na delegacia e foi liberado na manhã seguinte! Deve estar respondendo processo, mas, em realidade, ele nem liga para isto !
Tem alguma coisa errada neste atual Brasil !!!
E o Brasil tá cheio de “Magdos”.
Excelente artigo Prof.Eloy.Realmente Tatu Doerrado mesmo…Mas se Deus quiser, ainda esse PAÍS tem conserto. E ELE HÁ DE QUERER…!