Aquela semana já não estava sendo tão boa quanto a Cristina esperava, todavia, conforme a Lei de Murphy prega, nada está
tão ruim que não possa piorar.
A discussão daquela tarde havia sido iniciada por motivo fútil!
A colocação da palavra “Abraços” em vez de “Atenciosamente” num simples e-mail, entre colegas.
Mas, como dizia minha avó, qualquer pé de frango dá uma canja, foi ali que a “chispa” acendeu a fogueira.
Cristina, a recepcionista da diretoria da fábrica, havia enviado o malfadado e-mail para Ana, chefe do departamento de compras, filha da uma das sócias da fábrica, e, também, uma das CHEFES da Cristina, com a cotação de para aquisição de bancos de madeira para o jardim interno da fábrica.
Como se tratava de e-mail entre colegas de trabalho, finalizou o e-mail com o normal “Abraços”.
Menos de 30 minutos depois de ter enviado o e-mail, Ana rompe pela recepção, sem prestar atenção as demais pessoas na sala, num tom de voz seco e duro, pergunta se Cristina não aprendeu “ainda” a enviar e-mails, pois, não era e-mail pessoal e, por isto mesmo, ali não caberia a palavra “abraços”.
Cristina tentou explicar que eram colegas de trabalho e que esta informalidade é “práxis” entre colegas.
Não era nenhuma falta de respeito com quem quer que seja.
Foi neste momento que Ana, já um tanto quanto descontrolada, vira-lhe as costas e fala:
- É! Fica pensando no amante e não presta atenção no trabalho!
Cristina, envergonhada e humilhada, perante as demais pessoas na sala, cala-se para evitar mais confusão ainda.
Pede licença e vai até a toalete retocar a maquiagem. No caminho, pede a uma colega que fique um pouco no lugar dela na recepção.
Na toalete, em silêncio, começa a chorar copiosamente por quase 15 minutos, de onde então, aí sim, retoca toda a maquiagem, coloca um sorriso nos lábios, um pensamento gostoso no cérebro e volta para sua função.
Se não estivesse precisando tanto do salário no final do mês, teria “partido para os finalmente” com Ana, mas, sabia que seria luta inglória. Hierarquicamente superior e “filha” de uma das sócias, Ana certamente faria todo o possível para que ela fosse mandada embora POR JUSTA CAUSA se ela, de alguma forma tivesse reagido.
E assim, mais um SAPO foi engolido, e mais uma injustiça ficou impune.
Preclaros leitores(as), estou contando esta história (mais ou menos real) para tentar, agora, explicar como, as vezes, as coisas são tão simples de resolver e nós as complicamos gratuitamente.
Neste caso específico da Cristina, ela desconhece que poderia processar a “colega” e, por consequência a empresa, reclamando justas indenizações por ASSÉDIO MORAL, humilhação, injúria, calunia e sei lá o que mais um bom escritório de advocacia poderia arranjar.
Nada disto ela fez.
Não procurou o sindicato e nenhum advogado. Ficou por isto mesmo. O dito pelo não dito.
Se Cristina tivesse ido a reunião do Sindicato a qual a sua categoria pertence, poderia saber que o próprio sindicato dispõe de condições de ajuda-la. Seja com assessoria jurídica ou ajuda psicológica para superar este drama. Ou ambas!
O sindicato poderia colher mais alguns depoimentos de outras colegas da Cristina e entrar com uma ação coletiva contra a empresa, ou, de alguma forma ajuda-la.
mas o sindicato não é SÓ isto.
O sindicato dos trabalhadores é a expressão máxima da união dos trabalhadores de uma determinada categoria ou região. Ele sim, pode, e tem a obrigação, de defender toda e qualquer injustiça que seja cometida contra a categoria que representa, ao mesmo tempo que, através de seus representantes, tenta conseguir melhores condições de trabalho, seja pelo fornecimento (obrigatório) de EPI’s ou seja por realinhamento salarial.
Mas o sindicato só existe se os trabalhadores, que são (ou deveriam ser) os maiores interessados, assim o fizerem forte, dinâmico e justo.
Diversos sindicatos brasileiros oferecem aos seus filiados, não somente o apoio necessário e prioritário de melhores condições de trabalho mas, também melhores condições de vida pessoal mesmo.
Alguns contam com sedes esportivas, escolas, assistência médica e odontológica para seus filiados e diversos outros benefícios.
Ao mesmo tempo, as próprias empresas contam, também, com seus próprios sindicatos, chamados de SINDICATOS PATRONAIS que defendem os interesses dos empreendedores e que, também, conta com diversos benefícios aos seus filiados que, neste caso, são as empresas daquela região, ramo ou setor específico.
Estas duas forças, SINDICATO DOS TRABALHADORES e SINDICATO PATRONAL formam duas correntes, sob este aspecto, da economia de uma Nação.
Para dirimir as divergências, que naturalmente surgem entre os oponentes, o governo aparece como terceira corrente que, a priori, deveria solucionar com justiça os conflitos surgidos.
Porém, e quando o conflito envolve, justamente, uma empresa pública? Correios, por exemplo! Ou funcionalismo público municipal?
Mesmo assim, os representantes é que vão NEGOCIAR, pela categoria, com a outra parte e, não sendo possível um acordo para que tais reivindicações sejam atendidas, leva-se o caso até o Poder Judiciário que, aí então determinará o que deverá ser feito.
Logicamente que a chegada ao poder judiciário e a decisão a ser tomada, podem ser lenta e uma posição de greve, (não prestar serviços) por parte dos trabalhadores pode ser tomada.
Porém, grande parte dos conflitos não chegam as barras dos tribunais. Geralmente as partes se acertam e a vida segue.
Quem sabe ao ler isto, nossa amiga Cristina, lá do inicio do texto, comece a se interessar mais pela “União faz a força” e não precise nunca mais calar-se diante de uma humilhação deste tipo.
E você? É sindicalizado? Participa das reuniões do seu sindicato? Colabora para o engrandecimento da sua categoria profissional? Ou apenas aceita a vida como é?
Faça a sua parte para que, um dia, possamos ter uma verdadeira Nação Brasileira!
Eloy Ribeiro de Souza
Taí uma ótima explicação sobre os direitos dos trabalhadores e empresários ! Realmente,a atitude da Ana foi de um despreparo total no trato com colegas e com atitude que poderia trazer enormes e desgastantes danos financeiros a empresa caso Cristina resolvesse denunciá-la ao Sindicato de Classe, sem contar os danos psicológicos sofridos pela funcionária. Esse artigo mostra o total despreparo de ambas…. Oxalá as pessoas que ao lerem essas palavras, no futuro tomem atitudes corretas e saibam como proceder em um momento como esse.
Excelente artigo Prof. Eloy.
Diga-me, caro Prof. Eloy, existe sindicato mais forte e atuante do que outros?